Ruínas da muralha das Portas de Montemuro

Designação
Designação: Ruínas da muralha das Portas de Montemuro
Localização
Distrito: Viseu
Concelho: Castro Daire
Freguesia: Parada de Ester e Ester; Alhões, Bustelo, Gralheira e Ramires
Morada: EN 321, no cimo da serra de Montemuro
Georreferenciação: Latitude: 40.966953 / Longitude: -8.007029
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: Referido nos documentos desde, pelo menos, o século XIII, como atestam as Inquirições de 1258 ("Castro Daire", 1944, p. 996), o sítio arqueológico de Montemuro encontra-se implantado no topo da serra que lhe deu nome, ela própria delimitada pelos cursos de água do Paiva, Douro, Mouramorte e Balsemão. Serra esta que foi frequentemente utilizada como ponto de referência geográfico da delimitação das propriedades existentes em seu redor, surgindo em documentos oficiais do século X com a designação de Monte Geronzo, para dar lugar, logo na centúria seguinte, ao nome pelo qual é actualmente conhecido: mons muro (CORREIA, A., ALVES, Alexandre, VAZ, J. I., 1995, p. 98). Na verdade, esta sua condição limítrofe conferiu-lhe um estatuto muito especial de fronteira, ainda que oficiosa, resultando, por exemplo, no facto da estação arqueológica das "Ruínas da Muralha das Portas de Montemuro" ser, precisamente, partilhada por dois concelhos confinantes, os de Castro Daire e Cinfães, uma situação perfeitamente compreensível se pensarmos que os acidentes naturais, sobretudo desta envergadura, foram sempre aproveitados para actos de localização e/ou delimitação de aglomerados populacionais, mais ou menos expressivos. Mas, de onde provem o termo Portas, quando aplicado ao arqueosítio em epígrafe? A designação terá surgido oficialmente, e pela primeira vez, no foral da vila de Bustelo, concedido no século XIII (Ibid.), possivelmente utilizando a forma como era (e ainda é) apelidado pelos pastores e caçadores locais, que o conheciam por Muro das Portas ou simplesmente Muro, e que certamente o atravessavam com alguma frequência, pois constituía um dos locais mais assinalados pela passagem (para a qual nos remete a denominação Portas) de rebanhos transumantes da Serra da Estrela ("Castro Daire", 1944, p. 996). E a pertinência deste caminho tornou-se tão evidente ao longo dos tempos, que orientou o actual traçado viário desta zona, recuperando, no fundo, uma realidade preexistente, como seria a da via romana localizada nas suas imediações. Não obstante, encontramo-nos numa área relativamente escassa em termos arqueológicos, conquanto a edificação de uma capela nas proximidades do sítio revele a priori uma apropriação de um local anteriormente sacralizado, nomeadamente em tempos pré e/ou proto-históricos, como se se pretendesse sobrepor às anteriores convicções e rituais pagãos (que tendiam a privilegiar lugares isolados e de altura) a nova mundividência cristã, ao mesmo tempo que de assimilação da força simbólica que o mesmo representava para as populações locais, agora direccionadas noutro sentido do poder espiritual e (quase por inerência) secular. E quanto à função e período(s) de construção e fruição do sítio? Segundo alguns autores, estaremos perante vestígios (se bem que escassíssimos) de um povoado fortificado da Idade do Ferro, inserido no que é vulgarmente conhecido por cultura castreja, posteriormente reutilizado (à semelhança de tantos outros castros) durante o período romano e, mais tarde, já em plena Reconquista, pelas forças de Afonso Henriques (1109-1185). Uma proposição que não será totalmente absurda, até porque Egas Moniz desfrutava de amplas propriedades nos concelhos circunvizinhos, sinal de que este território fora conquistado aos mouros e posteriormente (re)povoado. E talvez provenha destes acontecimentos o termo pelo qual é mais amplamente conhecido, ou seja, de Portas, que assim integrariam uma eventual fortaleza, pois "Só percorrendo todo o perímetro da muralha nos apercebemos da sua verdadeira dimensão e só uma sociedade muito bem estruturada poderia construir tal monumento." (CORREIA, A., ALVES, Alexandre, VAZ, J. I., 1995, p. 100), até que foi definitivamente abandonado no século XIII. [AMartins] (Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73826)
Proteção
Situação: Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Diploma de Classificação: Decreto n.º 735/74, DG, I Série, n.º 297, de 21-12-1974
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP):