Igreja da Misericórdia de Viseu, incluindo o património integrado, adro e escadório

Designação
Designação: Igreja da Misericórdia de Viseu, incluindo o património integrado, adro e escadório
Localização
Distrito: Viseu
Concelho: Viseu
Freguesia: Viseu
Morada:
Georreferenciação: Latitude: 40.660197 / Longitude: -7.911938
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: Muito se tem escrito sobre o edifício da Misericórdia de Viseu, questionando-se, primeiro, o problema da fundação e local original da primitiva igreja, e depois os problemas relacionados com a caracterização do edifício actual, principalmente a fachada setecentista, que é considerado o seu elemento de maior interesse e relevância. Não se sabe, ao certo, em que data foi fundada a Misericórdia, apontando-se como mais provável o ano de 1510, embora esta possa ser anterior e remontar a 1506, data em que o Cardeal de Alpedrinha foi Bispo de Viseu. Certo é que já existia em 1516, quando recebeu o Compromisso de D. Manuel (FREITAS, 2000, p.75). A mesma incerteza verifica-se em relação ao local e configuração da primitiva igreja, que poderia ou não corresponder à da actual. Os estudos de Maria Luísa de Freitas, que temos vindo a seguir, apontam para que a edificação seiscentista se deva à iniciativa do Bispo D. Jorge de Ataíde (1569-1578). As descrições subsistentes deste templo sugerem semelhanças planimétricas relativamente ao que hoje conhecemos e, até à grande obra da fachada, a documentação é omissa no que concerne a reformas arquitectónicas. Excepção, neste campo, constitui a definição do adro que antecede o templo, executado, em 1749, pelo pedreiro António de Almeida, e que deverá, ao que tudo indica, ser o actual (IDEM, p.77). A igreja, de nave única com anexos adossados (que se crê terem sido realizados no início do século XIX (PEREIRA, RODRIGUES, 1915, pp.679-680), desenvolve-se em volumes diferenciados, abertos nos alçados exteriores por diversas janelas e portas de moldura recta. No interior, os panos murários da nave e capela-mor são rasgados por portas e janelas de sacada com balaustrada. Os altares e respectivos retábulos são já neoclássicos, remontando às intervenções ocorridas ao longo do século XIX. A obra da fachada deverá ser compreendida no contexto da renovação urbana que Viseu conheceu em meados do século XVIII. O desejo de actualização estética por parte dos Irmãos da Misericórdia terá conduzido à encomenda de um novo frontispício para a sua igreja, cujo plano era uma realidade em 1764. Não se conhece o seu autor, e a documentação subsistente não permite avançar dados mais seguros. Contudo, o nome de António Mendes Coutinho, responsável pelo traçado das igrejas barrocas da cidade, tem vindo a ser apontado como o mais provável autor da fachada da Misericórdia, numa atribuição que ganha maior peso se compararmos esta obra com outras seguramente concebidas por Coutinho, como é o caso da igreja de Ribafeita (FREITAS, 2000, pp.79-81). Em todo o caso, esta obra é, também, devedora do seu mestre pedreiro, António da Costa Faro, que a arrematou em 1775. Desenvolvida num único plano, a fachada da Misericórdia é dividida por pilastras, que flanqueiam uma série de portas, no piso térreo, e janelas com balaustrada no segundo andar. Ao centro, abre-se o portal, encimado por varanda com balaustrada. A empena acompanha o desenho do frontão da fachada, enquadrando as armas reais. Sobre os panos laterais, uma cimalha interrompida por acrotérios percorre o edifício e, num plano mais recuado, duas torres projectam o edifício na vertical. Se, por um lado, este frontispício se assemelha a um palácio barroco (sem torres), podendo ser cotejado com a casa do Cabo de S. João da Pesqueira, a Casa de Cedovim ou a Casa dos Condes e Anadia (VALE, 1969, p.16), por outro, os pormenores decorativos apontam para a aproximação à igreja de N. S. dos Remédios (Lamego), ou à Casa dos Lobo Machado (Guimarães) (SMITH, 1968, p.108). Em todo o caso, esta obra parece assumir o espírito da arquitectura do século XVIII, onde se verifica um forte eclectismo, e onde "a arquitectura chã transparece claramente". A decoração parece aposta a uma fachada linear, sem relação entre si, "e o templo estira-se em largura até se perder qualquer hipótese de integração dos vários panos, um pouco à maneira do gótico tradicional" (GOMES, 1988, p.32). (RC) (Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=155970)
Proteção
Situação: Classificado como MIP - Monumento de Interesse Público
Diploma de Classificação: Portaria n.º 690/2015, DR, 2.ª série, n.º 181, de 16-09-2015
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP):