Igreja e vestígios do Mosteiro de São Francisco do Monte

Designação
Designação: Igreja e vestígios do Mosteiro de São Francisco do Monte
Localização
Distrito: Viseu
Concelho: Viseu
Freguesia: Orgens
Morada:
Georreferenciação: Latitude: 40.670298 / Longitude: -7.940085
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: Do antigo mosteiro de São Francisco do Monte de Orgens apenas subsiste a igreja, transformada em paroquial aquando da extinção das ordens religiosas, parte do refeitório, o lageado do claustro e os perfis da arcaria a Sul, confinante com o templo. Fundado em 1410 por Frei Pedro de Alemanços, natural da Galiza, este mosteiro franciscano teve a sua origem numa pequena ermida dedicada a São Domingos que existia no local onde foi depois levantada a igreja e as dependências. Ao longo das centúrias seguintes foi objecto de múltiplas intervenções arquitectónicas, decorativas e das próprias vivências, com a transferência dos religiosos para a cidade de Viseu, na primeira metade do século XVII. A década de 1740 veio trazer nova vida ao mosteiro, e a igreja que hoje conhecemos é a face ainda visível desta campanha de obras que revalorizou uma casa então bastante arruinada. Estabelecidos os primeiros religiosos em Orgens, cedo a nobreza de Viseu beneficiou o mosteiro com donativos, tornando-se a sua igreja num dos espaços preferidos para enterramento destas famílias. Deve-se, no entanto, ao rei D. Afonso V a maior contribuição em esmolas e pedraria, que permitiram edificar a igreja e restantes dependências. Todavia, o relativo afastamento de Viseu, a necessidade de novas obras e a humidade do local, nefasta para os religiosos, veio a ditar a sua transferência para um novo convento, a construir na cidade. O primeiro requerimento a solicitar a mudança data de 1603, mas diversos problemas atrasaram a efectivação desta medida, apenas concretizada a 6 de Março de 1635, quando foi lançada a primeira pedra na Quinta de Mançorim. Entretanto, todos estes atrasos motivaram novas obras de conservação no antigo mosteiro, tendo-se mesmo refeito a capela-mor. Mas aqui só vieram a ficar oito religiosos e um presidente, funcionando o antigo mosteiro como oratório. As obras sucedem-se em Orgens e em 1741, graças à esmola do Reverendo Manuel Ferreira, abade de Povolide, iniciou-se uma grande reforma de todos os espaços, que ficaria concluída em 1749. Foi autor do projecto o irmão arquitecto Frei Francisco de Jesus Maria, de Vila Real, construindo-se então três dormitórios de vinte celas, livraria, hospedaria, claustros com varandas no andar superior, e a igreja. A fachada do templo enquadra-se no modelo de tantas outras destes religiosos, sendo definida por pilastras de aparelho rusticado, rematadas por fogaréus, nos cunhais, e apresentando arco abatido na galilé, sobrepujado por janelão do coro que, por sua vez, é enquadrado por nichos com a imagem de São Francisco e de São Domingos. No mesmo eixo central abre-se ainda um óculo e o frontão é contracurvado, com cruz na empena. No interior, a nave única e a capela-mor, cobertas por abóbada de berço, articulam-se através de arco triunfal, sobre o qual se observa uma Crucificação ladeada pelas imagens de Nossa Senhora e São João, e em baixo o brasão do Reverendo Manuel Ferreira. Um lambril de azulejos de figura avulsa, certamente executado nas oficinas coimbrãs, cerca de 1745, percorre o espaço, no qual se destaca, ainda, o retábulo-mor, de talha dourada maneirista, atribuível ao entalhador local Francisco Lopes de Matos. Há também a assinalar os retábulos colaterais, de talha dourada, as capelas na nave abertas por arcos de pedraria, e o coro alto, com balaustres a que se sobrepõe, ao centro, uma maquineta com a imagem de São Francisco. Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o edifício conventual e a cerca foram vendidos e depois praticamente demolidos. A igreja passou para a posse da paróquia, que ainda hoje a conserva. O processo de extinção regista um inventário de todas as peças existentes à época. Uma referência final para o terreiro que antecede a igreja e onde se pode observar um cruzeiro com uma imagem de São Francisco datada de 1711, e a denominada fonte de ouro, inscrita num arcossólio quinhentista que pertencia, muito possivelmente, à igreja anterior. (RC) (Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=71640. Imagem captada em abril 2024 @Google)
Proteção
Situação: Classificado como MIP - Monumento de Interesse Público
Diploma de Classificação: Portaria n.º 191/2013, DR, 2.ª série, n.º 69, de 9-04-2013
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP):