Igreja e Convento de São Francisco (restos)

Designação
Designação: Igreja e Convento de São Francisco (restos)
Localização
Distrito: Leiria
Concelho: Leiria
Freguesia: União das Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes
Morada: Rua de São Francisco
Georreferenciação: Latitude: 39.748404 / Longitude: -8.803327
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: São muito discutidas as origens da comunidade franciscana de Leiria. Ao que tudo indica, instalaram-se na cidade em 1232, mas os primeiros anos foram marcados pela disputa com o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que detinha os direitos sobre a localidade. Sobre o primitivo local de implantação as opiniões são também díspares. Parece que em 1253 a comunidade estava instalada no local onde hoje é o convento, mas não faltam autores que apontam para uma fixação posterior, já no reinado de D. João I. É precisamente ao tempo de vida do primeiro rei da dinastia de Avis, e ao ciclo da Batalha, que Luís Afonso atribuiu os vestígios medievais remanescentes da construção (AFONSO, 2003, p.22). Segundo este autor, as janelas góticas da capela-mor e as colunas e os capitéis do portal principal devem-se à campanha que este monarca patrocinou no convento, pelos finais do século XIV, e revelam semelhanças estilísticas para com a igreja de Nossa Senhora da Pena, registando-se, inclusivamente, o concurso de possíveis canteiros nas duas obras (IDEM, pp.29-30). Neste sentido, reforça-se a perspectiva de intervenção de D. João I na cidade de Leiria, um dos núcleos mais marcados pela nova dinastia, não só no castelo, que o monarca elegeu como um dos principais paços régios, mas também em outras obras emblemáticas da cidade, como o exemplo da casa franciscana leiriense o comprova. Continuando a seguir a leitura deste autor, é de crer que a primitiva nave duocentista tenha sido substituída por outra, tardo-gótica, no reinado de D. Afonso V. Em meados do século, refere-se a existência de um alpendre e é provável que então se tenha optado por um corpo de nave única (IDEM, p.34). As épocas moderna e contemporânea foram particularmente férteis em obras no convento. No século XVI, deu-se início à complexificação devocional, com a inclusão de vários altares no corpo da igreja. Na fachada lateral Sul, uma capela quadrangular foi aberta, patrocinada pelo Abade Manuel da Costa. Em 1663, construiu-se o novo arco triunfal, grandiosa entrada vincadamente classicizante, de linhas verticais e destituídas de decoração, que domina o interior da igreja. Ainda do século XVII é o claustro, construído numa linha tardo-maneirista. Na época barroca, reformularam-se os pontos de devoção, edificando-se novos retábulos, em talha, e, já numa fase pós-terramoto de 1755, deu-se novo impulso a obras de arquitectura, como o prova o portal principal, neo-clássico, e a galilé que o envolve. No século XIX, a parte conventual passou para as mãos da Companhia Leiriense de Moagens, que adulterou, por completo, o espaço. A igreja e o claustro mantiveram-se inalterados, mas o passar do tempo e a inexistência de manutenção levaram à progressiva decadência do monumento, ao ponto de a igreja ter de encerrar as suas portas. Só na década de 80 do século XX, com o grande impulso dado pela Ordem Terceira foi possível iniciar as obras de restauro do edifício. Foi precisamente neste quadro restaurador que se identificaram (em 1993) as pinturas murais, datáveis dos derradeiros anos do século XV e que tão singularmente caracterizam o convento franciscano de Leiria. Na capela-mor, um magnífico Calvário, com Cristo na Cruz ladeado superiormente por anjos e inferiormente por figuras da Igreja e por personagens anónimas, é uma obra qualitativa sem paralelo no Portugal quatrocentista, mais próxima dos ciclos pictóricos eruditos de Toledo ou de Sevilha (IDEM, p.203), eles próprios inseridos num amplo contexto de pintura mural mediterrânica. No arco triunfal e na nave, o panorama é mais próximo a outras realizações em território português, designadamente na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Abrantes (IDEM, p.204). Tratam-se de sucessões de capelas-nichos, onde se retrataram anjos e santos, envoltos por frisos decorativos de carácter acentuadamente tardo-góticos, sucessão de imagens icónicas que reforçam o sentido modelar das representações do final da Idade Média. PAF (Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=73320)
Proteção
Situação: Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
Diploma de Classificação: Decreto n.º 29/84, DR, I Série, n.º 145, de 25-06-1984
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP):