Capela de São Pedro

Designação
Designação: Capela de São Pedro
Localização
Distrito: Leiria
Concelho: Leiria
Freguesia: Leiria, Pousos, Barreira e Cortes
Morada: Largo de São Pedro
Georreferenciação: Latitude: 39.747276 / Longitude: -8.807198
Descrição Geral
Nota Histórico-Artistica: A meio caminho entre Coimbra e Lisboa, a igreja de São Pedro de Leiria é o único templo românico da cidade, dos vários que sabemos terem existido, e o que melhor evoca os caminhos artísticos das derradeiras oficinas românicas meridionais rumo à sua dissolução. A sua construção situa-se nos últimos anos do século XII, aparecendo referida, pela primeira vez, numa inqurição de 1200, ou 1201, a propósito de uma violenta contenda entre o bispo de Coimbra e o Mosteiro de Santa Cruz daquela cidade, que detinha o domínio eclesiástico de Leiria (REAL, 1987, p.539). De acordo com estes dados, a sua origem está intimamente ligada à expansão do mosteiro coimbrão, ainda na sequência do forte apoio de que a instituição gozou da parte do anterior bispo, D. Miguel Salomão. De um ponto de vista artístico, a igreja revela essa íntima ligação a Coimbra. Desde Ernesto Korrodi, um dos primeiros autores a dedicar-se ao estudo deste templo, que a acção de um mestre, e de uma oficina de escultores, provenientes de Coimbra, tem sido um argumento recorrente para explicar as opções artísticas aqui empregues. Um século depois, há escassos anos, Carlos Alberto Ferreira de Almeida invocava a capela de São Pedro de Leiria para provar como a "corrente românica coimbrã" havia sido "poderosa" (ALMEIDA, 2001, p.134), a ponto de exportar as suas soluções estéticas e os seus artífices para áreas tão meridionais, como Leiria ou, mesmo, Torres Vedras. Os estudos mais rigorosos sobre a conjuntura artística que originou a construção deste templo, todavia, confirmam esta sujeição à escola de Coimbra apenas em parte, afirmando que aqui confluiram duas grandes correntes escultóricas: Lisboa e Coimbra (REAL, 1974 e 1987). Assim, seguindo as linhas de caracterização de Manuel Luís Real, vemos que a cabeceira, com certeza a primeira parte a ser construída, seguiu as linhas dominantes vigentes em Coimbra, enquanto que a fachada principal, última empreitada da obra, foi terminada já sob o signo da escola lisboeta. Neste sentido, esta igreja leiriense é, também, um dos mais fortes símbolos da expansão e decadência dos artistas românicos de Coimbra e, simultaneamente, da ascensão das oficinas lisboetas, que integraram alguns homens formados na cidade do Mondego. A cabeceira é uma das partes mais interessantes. De plano tripartido, com capela-mor e absidíolos rectangulares e abobadados, apresenta uma decoração tipicamente coimbrã, com larga imaginação vegetalista a enquadrar os capitéis e algumas figuras. Contudo, já aqui se faz sentir a presença lisboeta, como no arco triunfal (GRAF, 1986, vol.I, p.92). A esta cabeceira tripartida, não se segue um corpo em três naves, mas sim de nave única, solução surpreendente e sem paralelo no nosso país, à excepção, talvez, do que acontece em São Pedro de Vira-Corça, perto de Monsanto. Mas o principal interesse do templo vai para a fachada principal e, especialmente, para o seu portal. Enquadrado por um largo alfiz, que termina numa linha de modilhões decorados, a entrada é ladeada por uma série de arquivoltas, onde se esculpiu um dos mais importantes conjuntos de beak-heads do Românico português. Tratam-se de figuras humanas, cujos braços repousam nos toros das arquivoltas (RODRIGUES, 1995, p.297) e cujo significado é, ainda, muito discutido. Aparentemente, são figurações malignas que tentam libertar-se do mundo infernal (situado acima das arquivoltas) e alcançar (ou invadir) o mundo celestial (localizado no centro da composição: no tímpano e nas arquivoltas interiores). Esta é, contudo, uma leitura provisória, que aqui seguimos a partir da leitura que fizémos do portal principal da igreja de São Salvador de Ansiães (FERNANDES, 2001, p.41). Mais clara parece ser a origem destas figuras, ao que tudo indica oriundas do vocabulário românico britânico (por exemplo o claustro de Bridlingston) e chegadas ao nosso país por via da comunidade estrangeira estabelecida no Tejo a seguir a 1147 (REAL, 1987, p.541). PAF (Info disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=70459. Imagem captada em abril 2024 @Google)
Proteção
Situação: Classificado como MN - Monumento Nacional
Diploma de Classificação: Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910
Diploma Zona Especial de Proteção (ZEP): Portaria n.º 201/2018, DR, 2.ª série, n.º 58, de 22-03-2018 (com ZNA) (ZEP do Castelo de Leiria e da Capela de São Pedro