| Nota Histórico-Artistica: |
𝗜𝗺𝗼́𝘃𝗲𝗹
O edifício dos Paços do Concelho do Fundão implanta-se na praça do Município onde se situa igualmente o Pelourinho, classificado como Monumento Nacional desde 1910. No local erguem-se também outros imóveis de relevante valor arquitetónico para a cidade como o antigo Casino Fundanense e a Casa dos Maias.
Situado numa plataforma elevada relativamente à Avenida da Liberdade, a atual fachada principal encontra-se virada para um amplo adro murado e protegido por guarda metálica onde se criou um espaço ajardinado. Na frontaria sobressai um pórtico antecedido por um alpendre de caraterísticas neoclássicas em granito com aparelho isódomo, onde, nas três faces inferiores, surgem arcos de volta perfeita, o principal com pedra de fecho decorada. Sobre este pórtico surge um varandim com guarda de balaústres para o qual se abre uma janela de sacada encimada por frontão interrompido onde se encontra inscrita a data de 1915, época em que se efetuaram as obras de adaptação do antigo edifício da Real Fábrica de Lanifícios do Fundão, fundado em 1755 por Marquês de Pombal, a Paços do Concelho. A fachada termina ainda num frontão triangular onde se encontra um relógio, sobrepujado de campanário com sineira. É nesse período de adaptação que é acrescentado mais um piso, alteração esta que é ainda hoje é observável pela existência da linha do antigo beirado e pelo remate das pilastras dos cunhais. De notar que antes dessa adaptação, a janela sobre o varandim correspondia à entrada principal situada no primeiro piso à qual se acedia por uma escada de pedra.
As fachadas laterais apresentam uma tipologia semelhante, com o mesmo tipo de fenestração e decoração. Relativamente à fachada posterior, que correspondia à frontaria principal da Real Fábrica de Lanifícios, verifica-se que a fenestração é idêntica com a diferença que, sobre a janela central do último piso, a cornija é alteada em semicírculo inserindo-se aí um relógio.
De notar que nos cunhais das fachadas Noroeste e Nordeste foram colocadas as seguintes inscrições: "Graças à concorrência e zelo dos honrados habitantes desta//villa e termo e mais aos que mais se distinguiram"; Este edifício não poderia conservar-se sem a obra começada em Agosto de 1819 e concluída em 1821, segundo ano da restauração constitucional".
No interior destaca-se, desde logo, o átrio de entrada devidamente calcetado com o brasão da cidade, átrio este que dá acesso ao piso superior através de uma escadaria de dois lanços divergentes com guardas de ferro forjado pintado a preto.
O piso superior, organizado a partir de corredores que dão acesso a vários compartimentos, apresenta uma entrada de luz com vidros coloridos e tetos planos em estuque, sendo o seu pavimento em soalho de madeira.
𝗛𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮
O imóvel onde atualmente se encontra instalada a Câmara Municipal do Fundão foi mandado construir pelo rei D. José datando o alvará da sua fundação de 30 de setembro de 1755. Em 1764 inicia-se a sua atividade como "Fábrica-Escola Real" sendo aí fabricados diversos tipos de tecidos que depois eram escoados sobretudo para a capital do reino.
Em 1848, após uma forte quebra na produção em grande medida resultante das invasões francesas e das alterações relativas ao comércio com Inglaterra, o edifício foi entregue à Câmara Municipal. No entanto, só em 1914 é que o imóvel irá sofrer obras de adaptação de modo a acolher diversas repartições públicas, sendo nessa época também que é acrescentado mais um piso. Refira-se, ainda, que entre 1942 e 1965 funcionou neste espaço o primeiro Museu Arqueológico do Fundão.
Maria Ramalho/DGPC/2017
(Info/imagem disponível em https://servicos.dgpc.gov.pt/pesquisapatrimonioimovel/detalhes.php?code=23479761) |
